Peças de um motor.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Estar a margem.



Eu quero ser o que escapa do radar, o caractere que o revisor ortográfico deixa passar na sua fria triagem, quero ser a corda que soa estridente no acorde e assim dá vida a canção. Quero ser o vento que entra pela fresta do arranha céu mais bem arquitetado, quero ser o time azarão. Quero ser o astronauta sem ambições, que apenas esta lá pela vista, quero ir ao cinema pelo filme, não pela pipoca. Quero ser a gota que escorre do copo, que se nega a ser ingerida, quero ser a mensagem enviada em garrafa jogada ao mar. Quero ser o erro possível em milhões de acertos, a praia que ninguém vai.  Quero ficar longe de tudo que me lembre o mundo real, suas perfeições e tendências, suas regras e limites, suas caras e bocas. Quero ser a dissonância, que foge veloz de qualquer coisa que aprisione e quando a liberdade tomar ares de mesmice, quero tudo outra vez, tudo diferente, mais uma vez, pela primeira vez.


Nenhum comentário: